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Arquitetos: Diana Radomysler, Pedro Ribeiro, Samanta Cafardo, studio mk27 - marcio kogan
- Área: 843 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Fernando Guerra | FG+SG, Christian Møller Andersen
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Fabricantes: Arthur Decor, Baraúna, Belas Artes, Engemetal, Kimi Nii, Lightworks, Lumini, Plancus, Securit, mado
Descrição enviada pela equipe de projeto. Esculpidas pela ação lenta e constante das águas da Bahia, as escarpas marinhas de Trancoso sobressaem diante das atraentes praias e suas cores vivas. A Casa Vista fica em cima de uma delas; um penhasco de 46 metros de altura. Do ponto de vista de uma ave, o volume alongado visa emoldurar a paisagem como uma lente grande angular.
Suas proporções horizontais são delineadas pela extrusão de uma seção elementar de casa de campo, que gera uma estrutura de sessenta metros de comprimento. Enraizada por volumes fechados em suas extremidades, que contêm a suíte master e a cozinha, a casa se abre para as cores que a rodeiam através de um imenso vão de tela larga com vista para o infinito azul.
A audácia da estrutura metálica que permite o vazio de 45 metros de comprimento é equilibrada pela organicidade tátil dos materiais que a envolvem. A fachada desta estrutura externa é envolvida por ripas de eucalipto cinzento - evocando um material tradicional do nordeste brasileiro feito dos galhos retorcidos da árvore biriba - que parecem crescer sobre a fachada como raízes petrificadas. O telhado, por sua vez, é feito de madeira reciclada e teve suas telhas trabalhadas artesanalmente uma a uma.
Sob o telhado, uma varanda ao ar livre permeia o vão, conectando os jardins em ambos os lados e circundando uma caixa inferior branca. Como uma casa dentro de uma casa, este volume abriga três quartos, uma pequena sala de TV, um banheiro e uma sala de estar envolta em painéis de Viroc perfurados (um composto denso de madeira e cimento). Independente da estrutura principal, esta casa interna pode se abrir completamente enquanto os painéis Viroc funcionam como telas dobráveis.
Esta estrutura desamarrada e a paleta de materiais pálidos favorece a interação com a luz solar e as cores ao redor em uma abordagem cinematográfica. As vistas externas se abrem dentro dos espaços interiores através de texturas sutis que refratam e refletem a luminosidade, criando um jogo de luz e sombra em cada superfície, sobretudo através das ripas de biriba e das paredes perfuradas de Viroc.
De forma equilibrada, a Casa Vista abraça contrastes. Materiais e peças de mobiliário locais dialogam com uma estrutura arrojada e acabamentos engenhosos. As cores fortes da natureza são filtradas e emolduradas por uma paleta neutra. Os volumes fechados se abrem para terraços e corredores ao ar livre. Os limites precisos são, em última análise, diluídos por esta vida permeável.